Swami Dayānanda Sarasvati
O que caracteriza a maturidade emocional é o seu grau de objetividade com relação às suas virtudes e suas limitações. Eu descubro que eu não tenho poder sobre a raiva, sobre a tristeza, sobre todas essas condições da mente as quais eu não quero ter, mas as quais acabo experimentando. Portanto, está claro que eu não tenho o controle de todas as situações nas quais estou envolvido. Essa descoberta, esse reconhecimento maduro, implica, naturalmente, uma apreciação da fonte à qual eu devo recorrer, na qual posso me refugiar. Quando descubro que já esgotei todos os meus recursos, eu recorro a essa fonte para obter ajuda. Isto é verdadeiro com relação ao nosso dia-a-dia também; por exemplo, quando alguém fica sem dinheiro, recorre a um financiamento bancário. Da mesma forma, eu recorro à fonte de onde a ajuda pode vir – a qual não sofre das mesmas limitações que eu – para que eu não esteja na situação de ser um mendigo pedindo ajuda a outro mendigo. E essa fonte e Īśvara.
O MUNDO É UMA CRIAÇÃO
Quando eu olho este mundo, eu encontro um conjunto de coisas desfrutando uma certa ordem. Sempre que há um conjunto composto de um número de elementos integrados inteligentemente, servindo a um certo propósito, nós chamamos esse conjunto de criação. Quando as coisas não são agrupadas caoticamente – como quando você joga as coisas no lixo – mas, sim, agrupadas de uma forma significativa, todas essas coisas se tornam um todo, essa singular entidade total que se chama criação. A cadeira é um conjunto composto de um número de componentes colocados juntos significativamente e servindo a um certo propósito, e, portanto, é uma criação. Da mesma forma, um carro é um conjunto inteligente, composto de peças tais como motor, radiador, pneus, caixa de marchas, e assim por diante. Uma porção dessas peças isoladamente não fariam um carro. Mas, quando elas são reunidas inteligentemente, de tal forma que o motor está onde deve estar e as rodas onde devem estar, girando para se movimentar e parando para estacionar, há um conjunto para servir a um propósito definido para isso. Assim, o carro é uma criação. O relógio é uma criação. Sua camisa é uma criação. O sistema solar é uma criação. Todas as leis da natureza são uma criação.
O corpo físico é uma criação, uma criação maravilhosa. Basta olhar para qualquer parte do seu corpo para se convencer disso. Os braços tem um certo número de articulações, pois de outra forma eles não seriam capazes de executar as funções que eles executam. Os olhos, ouvidos, coração, pernas – não são desenhados de uma forma arbitrária. Observe as funções do coração. Ele é uma bomba que funciona sem parar ao longo de anos. Para se construir um coração artificial é necessário empregar-se sofisticadas técnicas e grandes investimentos financeiros. E, contudo, vemos que as diferentes partes de nosso corpo estão colocadas exatamente onde deveriam estar. Isso se aplica a todos os órgãos. Aliás, eu acho que a posição do nariz deveria ser trocada. Talvez fosse melhor colocá-lo sobre a cabeça, pois traria certas vantagens. Por exemplo, evitaria que se pegasse um resfriado de alguém que espirra bem à sua frente. Além disso, a fumaça de cigarro que sai de um outro nariz que está à sua frente não viria diretamente para o seu nariz, pois ela seria lançada para o alto. Mas, pensando bem, talvez não fosse possível distinguir entre uma xícara de café e uma de chá quando as duas fossem idênticas; eu teria que cheirar, mas para isso teria que levantar a xícara até o alto da minha cabeça, e o cheiro não iria entrar pelo meu nariz, pois ele estaria virado para o alto! Eu teria que derramar um pouco de líquido no meu nariz para sentir o cheiro!! É, a melhor posição para o nariz é mesmo onde ela está, pois eu posso sentir o cheiro do café ao mesmo tempo em que eu saboreio. E, desta forma, quanto mais eu penso, mais me convenço de que as coisas estão da maneira que elas deveriam mesmo estar.
Eu verifico que tudo está perfeito, quando observo atentamente. Cada célula é uma maravilha. O homem constrói coisas como foguetes, computadores, etc., que são todas maravilhosas. E eu tenho intelecto para descobrir e desfrutar dessas maravilhas.(...)
(Do livro Talks on emotional maturity, de Swami Dayānanda Sarasvati)